sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ORAÇÃO OS DESESPERADOS

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ORAÇÃO DOS DESESPERADOS

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Dói no povo a dor do universo

chibata, faca, corte,

miséria e morte

sob o olhar irônico

de um Deus de gravata.

Uma dor que tem cor

escorre na pele e na boca se cala.

Uma gente livre para o amor,

mas os pés fincados na senzala.

Dor que mata.

Chaga que paralisa o mundo

e sob o olhar de um deus de gravata

doença, fome, esgoto, inferno profundo.

Dor que humilha e alimenta cegueira.

Trevas, violência, tiro no escuro,

pedaços de paus, lar sem muro,

paraíso do mal e castelos de madeiras.

Oh, senhores! Deuses das máquinas,

das teclas, das perdidas almas,

do destino e do coração!

Escuta o homem que nasce das lágrimas,

do suor, do sangue e do pranto.

Escuta este canto,

(que lido este povo!

quilombo este povo!)

que vem a galope com voz de trovão.

Pois ele se apega nas armas

quando se cansa das páginas

do livro da oração.

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Sérgio Vaz

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